Dádivas

Tenho estado atenta a detalhes mais pequenos. Quero aperfeiçoar a minha capacidade de observação. Até o pequeno gesto de fritar batatas para um jantar a dois, me despertou mais poesia no peito. Um gesto simples, bonito (e calórico). O poder estar ali, a dividir uma mesa com as mãos que me têm dado uma segurança bonita. O Efeito Borboleta - que ficou por terminar. Uma luz de cabeceira, e um silêncio profundo que se instaura ali, sempre que o Sol se põe.
Surpresas em jardins - rosas, e sandes. Para me fazer feliz, para me mmimar.
Superei as minhas antes - capacidades. Tenho mostrado a mim própria metas que antes eram inatingíveis. Um amor que fica - mesmo depois das batatas fritas. Mesmo depois das idas a sítios bonitos, calculáveis. Existem sempre mais gestos de amor. Músicas. Filmes. Cartas para escrever.

Também existiu uma partilha que ultrapassa o bonito.
O nascimento dos bebés da minha hamster. Dez pequenos tesouros.
Dez milagres da Natureza, tão perto. Que posso presenciar. Um nascimento - uma dádiva, partilhada com o meu comilão de arroz.
Uma mãe inquieta e atarefada - (juntei-me a ela, confesso.
Corri de um lado para o outro, também eu inquieta.) Tem sido uma mais valia para mim.
Quando me sinto mais triste, quando penso nas dezenas de coisas que me vêm à cabeça e me fazem achar a existência desprezível, lembro-me da magia da Natureza, que está no meu quarto. Uma mãe com dez pequenos tesouros.
Dois porquinhos-da-Índia também eles mágicos. Bichinhos que querem amor e um sítio onde os tratem bem.
(Têm o meu colo. Têm a minha eterna vontade de lhes dar mais.)
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