uma sina escondida: onde estás?

Pára de ser um desastre astronómico, Marta;
Logo tu: tens as palavras duma forma simples e bonita, na tua sina. Cantas histórias de amor; como uma cigana canta a vida, e a sina; ainda que sejam histórias de amor ridículas;
Ridícula és tu: que te invocas como outra pessoa e te chamas, das profundezas do mar, onde morrem os seres de amor por ti; morrem: literalmente; com a impureza que és tu nas águas. Tão impura Marta;
Escrevo-te hoje (a esta hora e com os olhos meios fechados) pois não te encontro: onde estás? Calculo que estejas refugiada em coisas que não são substâncias: mas são coisas. Pequenas. Tão pequenas quando a tua piedade; quanta a tua sanidade; (mas não falemos desse teu distúrbio) a sanidade;
Porque te mentes e dizes estar onde não estás? Dizes ter o que não tens: porque acreditas nisso com toda a tua força? Em pedaços de um nada, que se juntam, e fazem um tudo (astronómico novamente) meio vazio? Um tudo: vazio.
Escrevo-te agora Marta: que não te encontro nas páginas dos livros habituais; nem te oiço cantar qualquer coisa suficientemente deprimente; para o meu coração parar.
Estás em silêncio? Dentro de ti está tanto silêncio. Porque te calas tu, Marta? De que tens medo?; nada te é proibido: podes gritar. Podes gritar e bater-me. Bater-me a mim; que irónico.
Escrevo-te Marta, porque me encontro preocupada: a sanidade esgotou-se? (tenho alguns frascos por aqui que te poço dispensar); foi isso?
Ou estás assustada? Não! Não respondas; dir-me-ás que sim; estás sempre assustada.
Olha, eu tenho a fazeres por ali, coisas para escrever, e as palavras para ti esgotaram-se;
espero que te encontres bem, e que esse silêncio dentro de ti, se esgote; não consigo viver sem a agitação que são as arritmias cardíacas constantes: que são tuas.
Reparo agora que não escreves-te histórias dos teus amores entretanto; apercebeste-te finalmente que esse teu jeito de amar te faz mal? Gosto do teu (não) escrever histórias de amor, amores sujos; algo de bom me notificas;

Chora Marta,
Chora com a minha carta triste; pois não sei de ti; logo eu; não sei de ti.
De alguém que te quer bem: mas não sabe como, e que tem a tua sina. É a tua sina. Sou-(te).

Comentários

Alexandre. disse…
Está lindo, e já sabes o que acho marta <3
Força, minha pequena *

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