sobriedade.

Cidade a ponto luz bordada e à beira mar estendida,

Quando foi a última vez que gratulei esse teu conforto? Os teus braços abertos de todas as vezes que doía, e tinha que regressar. Amarela e azul, a minha cidade da luz. É assim que te contemplo, amarela e azul. Perdoa o tempo em que olhei para ti sem reparar na tua calçada, sem reparar que pisava o chão da história, de filosofias belas. O teu cheiro a Tejo, a manjerico, o teu cheiro a liberdade. És a minha eterna cidade. Declaro-te agora, que pisar o chão que é nosso, em território de águas mil, é o único átimo em que sinto a verdadeira paixão. Arrepio-me. Lembro-me de Cesário Verde em ti deambulando, e dos que naufragaram, com saudades imensas desta luz, que nunca me encadeia. Quando abandonei as tuas ruas agitadas, perdi-me no silêncio, no medo de não voltar a ti. Às pessoas que tu transportas no colo, preenchidas por sonhos, amarelos e azuis. Incompreendida por quem nunca te sentiu na pele. Protagonista dos meus sonhos. Só tu, sabes brilhar. Obrigada pela sensação de um voltar a casa, pressupondo a um «bem vinda de volta».

Cidade eterna da cadência, da arte, dos poetas. Onde quase tudo acontece, por seres bela. Não te deixes afogar em passos que te fazem sentir dor, pois existe quem te ame. Pois existe quem diga que só por ti, é grande. Que se faça o fado. Que se visite o D.Maria II. O teatro é aqui, é teu. Tu és minha, Lisboa tropical, que à beira mar encantas. Posso dizer que te amo. Isto não será demais nunca, pois és o sinónimo de conforto. Aplaudirei de pé, cada cabeça posta na janela, numa rua da Baixa, e que espreita a história. Que cheira o mar. Minha cidade da luz.