um carnaval imcompleto

Hoje interiorizei que seria o primeiro Carnaval em que não me ia mascarar - porque existem compromissos; porque existem coisas que se sobrepõem. Não foi triste, por isso, por saber que é passageiro, que não é um símbolo de crescimento.
Crescimento foi o que vi hoje - uma irmã a desfilar pelas ruas antigas da cidade, é sempre bom, acompanhar alguém a tornar-se - a ser(se). 
Sinto sempre um enorme conforto, ao saber que existo enquanto uma presença importante. Que existe alguém, a procurar por mim numa multidão. Não ser anónima; gosto de não ser anónima, ainda que seja aos olhos de uma pequenina. 


Depois houve música. Cores. Existia também muita vontade de ser fazer ver - com maquilhagens, com fatos a ilustrarem coisas nostálgicas, ou então, só daqueles fatos comuns.
Curioso ainda, é a constante presença de indignação para com a crise politica. Ouvi vários comentários aos Gregos, coisas que nos punham a nós, Portugueses, no mesmo patamar que eles - solidariedade; até quando o ambiente é propicio a outras coisas - mais felizes. 


Espero sempre que exista esta possibilidade, a de ser precisa num sitio. Para levar água, ou um casaco quente. Sorrir. Sorrir de volta. Depois dar a mão a alguém - sorrir, outra vez - como que se dissesse: é bom estar aqui, é bom estares aqui comigo. 
Não sermos anónimos no meio da multidão - a menos que nos destaquemos, enquanto anónimos! 


"Haverá algo mais verdadeiro, do que ser pessoa entre a multidão?"
Fernando Pessoa