De repente, és isso: és mulher. De repente, não és nada: és mulher.

Todos os dias acordas; todos os dias pensas que podes ser destruída na esquina (que não foi feita para ti), quando o teu perfume de mulher fraca, se expande.


Lábios vermelhos, delineados - assassinos – provocadores.
Uma anca perfeita, e uma saia que pouco esconde daquilo que á natureza humana.
Um coração grande;
Um coração sempre sempre bom;

De repente, és isso: és mulher. De repente, não és nada: és mulher.
Uma presa fácil para aqueles que pouco sabem do que é respeitar; uma presa fácil. Que o é constantemente – que só o sabe ser.
Nasces assim; imunda e ingénua – nasces para não seres treinada para a guerra; que é o mundo lá fora. Nasces, para ser fraca; para seres fraca.

És o centro dos adjectivos mais tenebrosos;
És o pouco que és – o pouco que te deixam ser;

Um corpo limpo de protecções e uma alma suja de descriminações.

Um depósito para esperma daqueles corpos podres que padecem em ruas da desgraça. Altar da escumalha; um objecto sexual (um perfeito, objecto sexual)

De repente, és isso: és mulher. De repente, não és nada: és mulher.

E o mundo cresce; e a reprodução é feita – debaixo das tuas mãos. As mentes expandem; mas é mentira.
Entretanto és mulher: és fraca e vulnerável. Entretanto a culpa é tua – porque os Céus caiem, porque o Universo não é totalmente descoberto – e a culpa é tua – porque o dia lhe correu mal; porque não sente amor.

Ajoelhas-te. Pedes perdão. Choras.
Ele diz que é por amor.
Ajoelhas-te. Pedes perdão. Choras.

De repente, és isso: és mulher. De repente, não és nada: és mulher.

Comentários

Anónimo disse…
Hoje, depois de te ter lido, só te posso dizer uma coisa: vê o Florbela (se é que ainda não viste).

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