Não me falta nada.
Estou exausta desta contínua insatisfação do mundo (do mundo). Insatisfação essa, contagiante. Acho que me esqueci, de me contentar com o enorme que sou. Hoje acordei assim - a relembrar as missões que nos põem no mundo. Amar. Receber amor. É tudo uma questão de abertura. É tudo um negócio da alma. Entretanto vendemos-nos por pouco. Não é suposto - vendermos-nos por pouco.O meu comportamento rebelde e inquieto põe-me em situações constragedoras. Depois reflicto e lamento ter esta postura tão frontal (prefiro sempre recorrer a métodos físicos que a jogos psicológicos, mas isso é "perder a compustura"). Compostura? Só me falta lembrar dos politicamente correctos - como os odeio.
Tenho amor; ensinei a amar quem não o sabia. Ensinei o que é dar uma flor; ensinei a beleza que a é receber. Existe mais alguma missão que não esta? Dar e receber amor? Sou uma pessoa apaixonada e apaixonante pela transparência que carrego e a simplicidade que transporto no peito. Uma leveza que sei que dou, a quem me tem. A quem me abraça.
Entretanto peguei nos livros de novo, já chega de sorrir ao pensar na beleza que foi fugir de casa para ir ao Arraial Pride ou à Marcha Gay com 12 anos. Era uma inocência (e não inocência) bonita. Sempre fui uma espécie de filha acarinhada por todos os crescidos. (Tenho sentido uma saudade estúpida dos meus corpetes, as minhas plataformas, e a contínua sensação de que as ruas tinha realmente pouca luz). Agora isso é só, engraçado, e deixa uma estúpida certeza de orgulho. Cresci com uma mente completamente aberta, e um modo de vida tão pouco preconceituoso. Agora tenho tudo; Agora não me falta nada.
Continua a incomodar-me a constante insatisfação dos outros, e sobretudo a fria indiferença para questões tão pontuais que nos focam (ou deveriam focar) mais atenção.Agora tenho um amor à espera. O amor-próprio mais o outro. O que me dá sumo de laranja logo de manhã. O que sempre sonhei.
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