sobriedade.
Enquanto passas os relógios estagnam e os corações explodem. Vamos arrefecendo as mãos e preparando o corpo para as noites de Inverno. Na (in)lucidez do amor encontramos todos os paradoxos. Somos semelhantes e somos apostos. Somos valsas que não avançam. Uma inevitável contradição. Danço coisas que não se ouvem - concebendo as oposições e ambiguidades. Enquanto passas e os relógios estagnam, aqueço um chá. Acendo um cigarro. Preparo o peito para a invasão óbvia. Somos liberdades sexuais - somos prisões românticas. Somos sem sermos; sem nunca termos sido. Tudo o que era platônico também era mentira. A indumentária revela a preguiça de ser mais; somos o que basta. Uma roupa básica e uma alma vazia. Tenho chá, livros e música bonita. Temos uma vida para que a valsa se dance; temos uma vida para aconchegar o peito contra fronhas brancas e lençóis que só cheiram a amor. No meio da confusão que é viver(me) existe a certeza de peitos cheios e relógios que estagnaram - pela insignificância de dar tempo ao tempo. No meio da sobriedade, da escassez da sobriedade, existe sempre amor que pode ser infinito e saudades de ti.
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