O Sol que queima
O Inverno sempre me trouxe a inspiração necessária para
escrever. Sem que fosse isso sequer – escrita – eram apenas pensamentos de
fácil colocação em papéis. A chuva tinha essa conotação, a conotação poética. Sabemos
que existem começos; recomeços – o meu começou ontem ou hoje. Ainda não
compreendi bem. Sei que sim – que recomeçou qualquer coisa.
Sei-o devido ao Sol que me queimou os dedos e os fez tremer –
que fez suster a respiração e beber mais água que o costume. Soube-o assim.
Este calor costumava cansar-me a poesia. Não escrevo. Não quando está quente. Hoje
fi-lo. Enquanto subia a rampa que me trazia a casa. Enquanto sentia o cheiro a
festival. Outra particularidade. Quando começam a construir o Rock in Rio junto
à minha casa, sente-se o eflúvio a festival, automaticamente. Quase que sinto a
euforia antecipadamente (algo que um dia quero não fazer – sentir,
antecipadamente).
Hoje escrevi mentalmente enquanto subia a rampa e observava
o Parque da Bela Vista a ter um também recomeço. Uns pés novos; expectativas
diferentes.
Sorri – por conseguir fazê-lo aquando calor. Poesia sobre o
Sol que queima o espirito e nos cansa do que nos magoa. Decisões. Dá-nos decisões. Hoje foi um recomeço –
e o Sol queimou também a pouca vontade de persistir em troco de nada. Ficou o
medo; mas ficou o respeito. O amor-próprio. E a poesia num dia quente.
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