O erro foi meu – foi todo meu; em ter acreditado que as palavras não te faziam jus, nem nos faziam jus, aquando a única coisa que sei fazer, ou que tenho para te dar.
Estávamos lá – ainda em segredo! E eu beijei-te todas as vezes que consiga – foram os astros, ainda, ainda foram os astros a tocarem bateria em vez de ti. Ainda em segredo.
Não devia ter brilhado – nem te encadeado. É só um golpe – somos só um golpe, e eu não tenho nada nos bolsos; só nas mangas.
Jamais conseguirei subir aos céus ou dar-te a Lua – como prometi – esta é a única diferença: ainda temos os astros e o segredo, as palavras perderam-se (reconquistei-as) e tudo o resto é composto por coisas físicas – a poesia ficou num palco qualquer, onde tu sonhas-te actuar.
Não quero pôr isto de modo a que tenhas que decifrar – ou perder tempo (mais tempo) Onde é que tinha a cabeça, quando achei que era fácil – que o ciclo e o processo eram fáceis – sou eu. Geralmente as coisas complicam-se quando entra o sujeito poético na própria poesia.
Saberás sempre, que brilhei ao ver-te; que brilhaste com a luz própria que tens (que só podes ter) mas que eu não consigo corresponder às paisagens que tu crias – à realidade que és. Isto assusta-me; não sou eu, mas fui eu. Somos só um golpe.
Não te sinto a vibrar mais – a tua melodia perdeu-se, para mim, e eu não te sinto. O meu peito quer andar carregado de ti – subiste de novo aos céus, enquanto superior que és?
As palavras são a única coisa que tenho para ti agora – agora que não sinto as tuas mãos a quererem mais; agora que percebi o quão diferente é o nosso (individual) conceito, de trazer o peito «cheio de ti». Sufoca-me; a ti não te sufoca.
Ainda bem que a ti não te sufoca.


19-09-2011 

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