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perdeu-se no meio daquela música barulhenta e daqueles corpos suados. Todos eram anónimos e todos protagonizavam a mesma história, o mesmo encontro.
Demorou até que os movimentos falassem para lá das palavras; até que os corpos se transformassem no olhar que já se tinha apaixonado antes. Que já tinha antecipado o beijo antes.

(de manhã)

A cabeça ficou na confusão do dia anterior, da noite eterna e inacabável. O corpo era a prova da exaustão e do excesso. - dos sempre excessos. O estômago doía e a cabeça pesava - era o habitual. A sensação de sujo e o peso do pecado - "do pecado". 

Não poderia ser alterado nenhum dos gestos; das caricias. A troca e o envolver. Tudo - as noites em que se é tudo e as manhãs onde já não se é nada. Vestígios da irresponsabilidade, que são pequenos relatos e memórias pouco sóbrias e pouco lúcidas. 

(o eu)

Ia ter saudades dela - a transparência e a insanidade dela numa noite que possivelmente, se viria a repetir.
Bastava-lhe imaginá-lo ou pelo menos, permanecer viva a confusa memória das escassas horas em que se entregaram. 

Ela tinha fugido embora muito discretamente - tentava permanecer mas fugindo. Senti falta da transparência e apetece-me-(la). Apetece-me tornar a cidade das ruínas em mãos. Apetece-me trocar os excessos - os sempre excessos - por comida quente e um colo.

A irresponsabilidade da entrega pouco sóbria, nas noites que nos assombram de tão pecadoras e de tantas tentações;
Os vestígios dessas mesmas noites nas manhãs que nos atormentam pela falta de lembrança mas com a certeza de preenchimento - (um preenchimento fingido).

«Faz parte. Tudo faz parte.»

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