A constante inconstância de se ser.


A constante inconstância de se ser. Dificultando cada passo e presumindo os erros que são premeditados e antecipados. Depois o Sol não chega. Nem o mar. Não chegam os livros nem o cheiro deles. Quando o vazio somos nós e o sermos nós revela um nada – falta de tudo, pelos excessos, pelos exageros.

Tropecei constantemente nos cadáveres deixados no meio das ruas como protesto, falta de vontade de lutar (dá sempre trabalho, não é?). Depois, tropecei nos outros. Nos esqueletos enfiados nos armários, nos armários mandados pelas janelas de prédios altos. Que se destroem quando batem cá em baixo, presumindo-se ainda que acertam nos outros. Nos inocentes. Aos que basta o Sol e o mar.

Entretanto o desassossego instala-se e a revolução é feita nos silêncios e nos olhares que suspiram quando se cruzam. Apelos. Para onde vamos? Mas por que raio ainda caminhamos? Tropeçamos nos corpos mortos dos fracos e tornamos-mos Reis desse mesmo trono. Dessa mesma sina. Dormimos ali, no chão que arde do Sol que já não chega. Morremos ali, no chão que arde da alma que queima, da mente que se mata, das mãos que já não escrevem, do mar que já não chega. Só o sal. Só a sede.

Reis de tronos, de sinas mal escritas mas que aceitamos como nossas só porque dá trabalho lutar. Só porque dá trabalho levantar do chão sujo de sangue poético, que foge. Que nos foge. Entretanto não temos sangue. Não temos vida. Não somos poetas, só Reis de um trono imundo. Fracos. Esqueletos (fora) do armário. Este, partido. 

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