dissonância


Estas palavras provavelmente não passarão dum erro mas aqui vai.

Para ti, que me lês e me vês – possivelmente só tu me sabes ler e ver num todo. Tudo o que escarro poeticamente em nada te revês; de nada és protagonista – até agora. Agora sim (agora és a minha protagonista.) Como é ver esse teu reflexo espelhado em palavras minhas? Companhia de uma ressaca doente e de uma manhã cheia de quereres e sobretudo – uma manhã de não querer. Não querer te querer – seja como for.
Procurei no meu corpo registos de semelhanças – sei lá, podia existir algo óbvio que me motivasse a entregar-te folhas escritas em mesas de café enquanto esperaria por ti em vez de sopros frios e ventos frígidos que me afastam – só à noite te encontro; só quando me descubro, é que te encontro.

(dissonância cognitiva)

Quero tudo menos isto; entrego-te as minhas mãos vazias de nós e cheias de mim. Queres umas mãos vazias de ti, ao teu lado? Sem nada além de vontade de (te) escrever. Encher-te com palavras iguais a ti – iguais a mim.O teu pranto sempre que vejo sombras de ti em esquinas escuras, em ruas despidas de gostar de nós – em ruas que não nos querem, numa cidade que não é um lar, com pessoas que nem nos pensam. Seja como for; agarrei-me ao que nos distingue. Não pode doer assim; não podemos ceder assim. Ironias do destino – numa cidade que não é um lar – muito menos será o nosso lar, (mas) muito menos passarias por mim sem que fosses protagonista das minhas ressacas bonitas;

E - 
Se me vires; finge que não te conheces.
Se me vires; guarda palavras bonitas no peito – as (nossas) palavras. 

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