falcões


"I will make me a willow cabin at your gate, and call upon my soul within the house 
- (silence) - I rush into the secret house." Lost and Delirious


As linhas por onde escrevo são mais tortas que o velho provérbio. Cheias de névoa das lágrimas com que me deixas-te ao abandono - quase, quase. Ergui-me voluntariamente desta ideia de que realmente merecias palavras profundas e gestos cheios de mim - cheios de paixão adolescente. Quando tomamos consciência da nossa grandeza, libertamos-nos de todos os pressupostos enquanto pessoas desejáveis, mecanizadas - partes do sistema. Depois sobram os fracos - aqueles que ainda acreditam em futuros felizes ao lado de pessoas tão mais pequenas que a maior pequenez. A liberdade de cada um como dádiva - como única oferenda possível à existência numa só vida - para já. O que nos resta - depois de tanta inconstância - o que de menos temos ainda abdicamos, como se houvesse espaço para isso, tempo para brincarmos às vidas não-felizes de pessoas egoístas que usam o amor como justificação para o mal - (parte-me o peito e deixo-me cair no ridículo - rio-me, daqueles que usam coisas tão grandes para atingir objectivos tão pequenos.

Acho que o sabor a chá de limão ainda não te encheu o copo - acho, sinceramente, que não se sabe valorizar os pequenos motivos que nos fazem ser gratos por fazermos parte de um todo - não nos excluirmos enquanto pessoas pertencentes de terceiros; entrego-me - abraço o mundo como se uno fossemos; depois choro. É genuína esta minha maneira de me manifestar. Sou - toda eu - genuína. 
Músicas bonitas; cheiro a Verão - sou mais que qualquer possibilidade de concretização imaginária numa tentativa de achar em mim, mil defeitos. Só porque sou pura - só porque amo. Maldade vinculada nas etiquetas de cada um; inveja articulada em forma de marioneta, acabando por transformar os bons em pequenas demonstrações de como se consegue ser indisciplinado poeticamente - como se consegue ser mais baixo que o solo - mais baixo que o não ser. Liberto-me finalmente deste peso que é segurar alguém em queda-livre; liberto-me finalmente da ideia de que posso transformar pequenos espíritos em pessoas eternamente gratas - Grandes.

O que deixo de mim são palavras - histórias escritas para pessoas que ainda nem me sabem ler. Deixo mais - uma alma do tamanho do mundo; um amor do tamanho de ti; um lamento - do tamanho do que ainda  vais aprender como sendo: arrependimento. Depois voo - enquanto livre; enquanto pássaro feroz que canta a liberdade nos céus que nem consegues ver - depois de tantos tectos que te construíram. Pobre quase-falcão, a quem cortaram as asas, pobre quase pessoa com asas cortadas que eu quis que saboreasse o que de mais puro temos - a liberdade

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