Armas de amor - letras.

Refiro-me a isto como se paragens de uma longa viagem de comboio se tratasse. Capacidade de ver mais do que o que a janela embaciada do teu carro permite; cheirar as comidas quentes, das avós ainda mais quentes, das cidades perdidas no meio dos nadas que transportamos na bagagem e ignoramos porque dói. 

Levo-te nos bolsos - poesia falada de noticias de ilhas naufragadas. Pedaços de terra como pedaços de mim. Pedaços de natureza que dão vida ao eterno bonito silêncio que me compõe; que compõe quem escreve - o eterno silêncio dos eternos poetas - quase sinónimo da palavra gasta, das pessoas gastas - a solidão. Usada a troco de nada, rasgada nos sete cantos do mundo e aclamada inspiração. Não sei onde deixei o amor; se nas gavetas podres do teu quarto vazio; se na água em que me lavei da insignificância por não ser protagonista da que é - minha história. Mas existem outras guerras a travar - outras bocas que gritam pela minha luta. Luta possível de pessoas impossíveis cujo o chão é a casa e a guerra é a morte. Antes isso do que um infinito sofá - uma infinita conformidade. Como se o amor fosse isto - como se o amor fosse isso. Ergo as armas em forma de letras - relembro a magia que é ser-se; existir-se; amar. Carrego-te nas costas, em bagagens que não chegam ao destino e check out  sem tempo de se concretizar. Corridas rápidas para o solo que me chama; para o pouco destino que me resta; o pouco mapa que ainda somos. Depois - esquecemos-nos do infinito que nos preenche, esquecemos-nos dos biliões que nos compõem enquanto capazes - enquanto dádivas. Uma oportunidade - cliché. 

Roubam-nos a história e calam-nos a voz. Ergo-me - rebelde e inconformada. Ciente de um rasgo de destino, pendurado em bandeiras que não revelam nada - reflexo de uma herança de palavras genuínas, de pessoas loucas, as únicas que algum dia amaram. As únicas que algum dia quero ser.

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