Asas (muitas) asas

De repente, as horas tornam-se dias; o ar sufoca e as palavras - não chegam. De repente, faço de ti o meu lar e aconchego. Noites quentes em que o teu corpo se confunde com a atmosfera resultando todo um ambiente que é um colo; e todos os pedaços de mim te amam. Hormonalmente, poeticamente, todos os mentes - quando mentes e quando não. Fecho os olhos às perguntas constantes que me atormentam o pensar em ti; o definir-te e delinear-te. Tu - escultura eterna de barros cansados de falta de amor; ressurreição pela tua aura cor de mim; cor de mar. Neurotransmissores; serotonina impulsionadora de toda esta imensa vontade (des)controlada física e emocional. Tentativas e enredos, formas pequenas de te descrever artisticamente enquanto herança histórica - romances.

Envolvo-te em películas de música, em folhas de poetas. Delicadamente - enquanto cristal que és; enquanto valor que carregas vigorosamente. Retratos de pessoas que te largaram pela imensa dificuldade que és - oitos e oitentas. Fados tristes e desgarradas de amores de uma vida. Meu amor, minha vida. Enceno-te na possibilidade de seres história de guião. Pisares Veneza e Roma - seres motivo de cobiça de olhares alheios. Sugam-te o corpo e escarram-te na alma. Não te sabem - só te querem e nem te sabem. Canto às rugas que o tempo prega, histórias de amores; histórias de ti - quando ainda não sabias o teu tamanho, quando achavas seres menor que o céu.

Procuro-te nos jardins abandonados por pessoas abandonadas por elas mesmas. Verdes perdidos protagonizantes de mãos desenlaçadas (quiçá de Ricardo Reis e Lídia). Encontro-te nos restos de medos que espalhas-te no chão; como se roupas pesadas de Invernos encharcados se tratasse. Nua, agora, de medos e de roupas - nua. Vestes as minhas vestes - embrulhadas em tentativas de entrega total. Dádivas - presenças. Arranco-te do solo que te exige irrealidades; construo-te baloiços e ofereço-te pureza. Caixas de músicas de risos "genuínos", bailes impulsionados por toda a tua espontaneidade. Garras presas no chão - pés presos nas realidades que pretendes abraçar como concretas. Arranco-te de lá - (foge! sê tu.)

Luz e quente - magia em forma de fruta fresca de pomares que cultivas-te no lugar do peito, no lugar de mim. Frutos proibidos que teimas em envenenar-te os lábios - paixões loucas consomem-me de cada vez que trincas o pecado que nada te dá; uma rotina. - O que é que sentes?

(suspiras e voas)
Asas (muitas) asas coloridas de quem te quer - no ar.
Asas (muitas) asas coloridas de quem te sabe - no céu.
(borboletas) 

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