cais - dos barcos; e o outro - cais

Se eu te soubesse explicar há quanto tempo perdeste o mapa na minha quase cidade; se eu conseguisse ter forças para te dar as asas em forma de relação e voares; para longe de todas essas alas brancas de corredores fechados cheios de quartos ainda mais fechados – com pessoas não pessoas lá dentro. Se eu ao menos conseguisse extinguir a capacidade de manipulação dada a quem não tem mais nada – a quem nunca teve nada onde em mim se dá lugar há eterna forma romântica de viver e de te ver. Agora – chora. Pombas brancas trancadas numa espécie de quase coração – pombas já não brancas em agora, não corações - sabes? A eternidade e a capacidade de distinção entre a autonomia e a pouca hipótese de escolha. Ultimamente não tenho escrito para ti; registei que não eras merecedora de pareceres em forma de cartas rasgadas de cadernos que nos juntaram; ou de pensamentos perpetuados antes do sono – um plano de por em prática de manhã, as mais profundas ponderações relativamente ao que especulo de mau para ti; não porque o desejo – porque as procuras. Por que te procuras sempre nas maiores impossibilidades e nos maiores precipícios – quando é que cais? Definitivamente - digo eu.

Quando não restar nada de ti; do pouco que preservas num sítio qualquer inatingível e impossível de ser arrancado, lembrar-te-ás que houve a oportunidade de voares – de seres bonita; não uma exclusividade, na realidade - (in)exclusiva – ou sei lá, montra agradável num museu fechado aos outros mil – privada da possibilidade de seres admirada enquanto livre; enquanto tu, cheia de ti. Quando não restar nada de ti; serei um colo e um abrigo – tenho palavras para te dar, felicitar-te por ainda teres uns escassos dias enquanto nãomaisqueuma – enquanto tua própria companhia de Domingo à tarde. E é isto que nos distingue e são estes os autores que fazem de mim o fruto proibido – o pecado em forma de desejo; a possibilidade em forma de erro – a tua espera. Que dê gozo o não manejo; e quando for para cair, que seja porque não soubeste equilibrar-te em ti, não em alguém – ou ninguém – ninguém, um alguém Ninguém (que não sabe; ainda não sabe – também cairá, por tropeçar no próprio umbigo.)

Esse mar onde nadas; já não tem sal – já nem tem mar – ainda não reparaste que te enterras na tua própria construção; lava - uma espécie de área exclusiva. Quem deixas – obrigatoriamente – leva o mar; e as possibilidades de encontros com o outro lado do planeta. Por isso é que estou tão longe – não me notas longe? De onde te falo – de onde te escrevo; não existes. Acho que a noção de tempo se dissipou, como o teu mapa, já nem te vejo; nem sei pintar-te enquanto traços que decorei devido à proximidade que me ofereceste em noites pouco sóbria das consequências de não seres uma corrente, uma chave – ou uma gaiola.


(o bonito de se poder ir – qual barco? Não se navega na areia.) 

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