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Não gosto do que está tomado como certo - cuidar das pessoas, ser-se correcto, ficar (não gosto de ficar). Esta coisa de nos darmos, entregarmos-nos ao outro, têm um principio muito mais mágico do que a ideia de vinculação, que só por si, me arrepia. Somos construídos de outros. Outros sítios, outras pessoas - experiências, aprendizagem, boas e más entregas a boas e más pessoas. Devemos ter uma espécie de bagagem no lugar do peito, certo? Fazer e desfazer as malas num gesto simples como o de respirar -  encher o peito; esvaziá-lo - depois seguir. 

Com um mundo de um tamanho incalculável; com uma quantidade absurda de pessoas - queremos criar raízes, por quê? No que depender de mim, cuidarei apenas enquanto fizer sentido, enquanto houver aprendizagem - depois, sou outros mil corpos; outros mil sítios. Não consigo conceber a ideia de ser o mesmo; não consigo conceber a ideia de não agarrar tudo o que me cabe nas mãos. Existem sítios altos onde quero ver o Sol nascer e ainda nem os sei; existem pessoas que quero abraçar e elas ainda nem me sabem. Carroceis e montanhas russas - por-me à prova. Quero saltar de um avião - arrepender-me e depois - encher-me. Tenho chás para provar no outro lado do mundo; Martas para descobrir em realidades que desconheço; ler-me em livros que não existem. Morrer em campo; não me acomodar. Restos de mim, espalhados, para ser mundo; ser rua - ser história. Ser inteira.

Viver, viver...

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