(Já te viste ao espelho hoje?)
Segues com uma criatividade escassa e as poucas tentativas
de crescer – falhadas. Procuras encontrar-te nas imensas desculpas que parecem,
à primeira vista, plausíveis. (Já te
viste ao espelho hoje?) Fico aqui – com o coração nas mãos e no lugar dele,
palavras que bóiam, naufrágios quentes de promessas que tento sempre não
protagonizarem esta coisa do amor.
Se não me respeitasse; se não (te) amasse – hipóteses nulas com uma redundância assegurada. Opções
que facilitariam a minha vontade imensa de ser mais um corpo a dançar ao som da
inquietude. Só me apetece ir – pela primeira vez ir não é bom. Fugir-me.
Fugir-te. Ser fraca – não sou frágil. (Já
me vi ao espelho hoje?)
Entretanto apago-te da minha vida – devagar – e em vez das
minhas malas, faço as tuas. Delicadamente- enquanto o peito explode e o coração
ainda não preenche aquilo que me compõe, deixo que vás. Que sejas restos de
poemas que outrora tencionava imortalizar.
Encontrar-me-ei em corpos que me dêem tudo menos frases
feitas – teatros montados e dramas em arenas onde as lutas são palavras débeis.
Arenas onde me estendo e permito ser pisada – procuro-me longe da possibilidade
de me encontrar, conscientemente.
Depois, eventualmente, quem me escreve – quem me lê,
protagonizará a minha libertação; o meu espírito posto em movimentos. Quando
tiveres as malas à porta – quando esgotares as possibilidades de te redimir, reconquisto
do coma ao qual me induziste. (Já te
viste ao espelho hoje?)
Comentários