Não sei bem

Não sei bem onde mais me descubro.

Começo pelo medo de existir uma oportunidade de estar sozinha; onde a minha voz só se faz ouvir na minha cabeça e sou a única companhia dos meus próprios dilemas. A ideia de desfazer malas que trazem histórias; troca-las pelo cheiro a limpo. Pela sensação de eterna pureza que há muito perdi – assombra-me, e não é só às minhas mãos vazias.
Eventualmente recordo-me da imensa necessidade de me respirar. Revejo-me nas estantes que me compõem. Toco na minha pele enquanto passo a mão pelos livros que cheiram aos outros; a quem me constrói, quem me preenche. Revejo-me no cheiro a incenso que parece entranhar-se nos meus poros e tornar-se parte de substâncias acinéticas que me embalam até ao abrigo do exterior – e nada importa.

Toda uma viagem cujo a sina é o encontro comigo mesma e não há nada mais sublime do que a chance de me ver – rever; descobrir-me nos lençóis que se vão esquecendo que existem por culpa da falta de pensamentos a inquieta-los.
Nas velas; a pouca (e bonita) luz que me esboça o corpo delicadamente enquanto escrevo prosas ou recito poemas sobre pessoas cuja sobriedade e lucidez, moravam longe. Dando espaço à loucura – aos eternos pedidos de socorro em frases bonitas. Moléculas e hormonas que me compõem enquanto instável – eterna amante da própria alma. Conto-me segredos sobre mim; que finjo esquecer. Perco-me na vontade de explodir de amor. Beijar(me).


Não sei bem onde mais me descubro. Se no cheiro a uma bonita solidão que me foi rogada – se no som de palavras recitadas como se fosse o palco de uma vida. A (minha) quase-vida.

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