descobrir
Não sei até quando aguento desenhar a pista onde ambos os corpos dançam numa mistura de sons que atrofiam o batimento cardíaco e impedem a concretização linear de pensamentos. Surtos que fazem os meus pés querem estagnar, impedindo a oportunidade de me verem festejar sem motivos para tal, do meu lado - sendo que, as formas que te contornam são o motivo para a hesitação de comemoração assim, despida de pretextos. Ainda assim - num mistério por revelar aos olhares curiosos que nos fitam imaginando que as histórias não se unem, imaginando que não protagonizamos passeios cheios de segredos acumulados e registados sem necessidade de lançar aos ventos - vislumbro-te em segredo.
Caracterizando-te na minha construção mental, concluo-te enquanto crepúsculo possível de alcançar verbalmente. Indubitavelmente, este é o momento que ansiava para uma transição disciplinada. O delinear de objectivos respectivamente concebidos em noites de ponderação coerente. O alcançar de forças para erguer os planos que tenho como sendo eu - não a imagem errada que criei de mim, numa tentativa falhada de me projectar enquanto libertação sob a lua cheia. Idealizei-me enquanto auto-criação, um formato de ave particular, transformando-me com o pôr do sol, numa felicidade arquitectada enquanto não existia capacidade para mais. Um voo breve cujo os rumos eram eliminados a cada amanhecer, como forma de protecção à minha sanidade e santidade disfarçadas.
Agora que me encontro lançada nestes cometas que ardem e sou criação destes astros que se erguem no céu, reconheço-me. Entrego-me de uma forma subtil, com uma placabilidade inerente da minha construção molecular, doçura óbvia para a minha personalidade auto-destrutiva e excessivamente romântica. Ainda assim - vislumbro-te num segredo nosso. Penso que adivinhas nos meus olhos que cada detalhe característico desta nossa história é um pensamento articulado em movimentos ao passar pelo espaço que é teu - e que inevitavelmente invado. Entretanto desmitifico as criações idealizadas pelos momentos de fraqueza, relembro-te de como existe um mundo para ver; relembro-me de como quero partilhar este mundo com mais do que o meu indisciplinado espírito.
Espero ansiosamente pela possibilidade de ter que fingir não ver - não te reparar.
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