és-me?
Coloco um véu que emerge sobre a
forma de pedido. Uma exteriorização que te foco nos olhos provocando na tua
sombra, uma nitidez inimaginável. Indubitavelmente aproximo-me como protesto a
um silêncio presumível, por te saber tão bem. É com aprazimento que no meu
mexer insustentável de tão irrequieto ser, demonstro uma ténue segurança na projecção
do nosso futuro. Complemento a atitude de nos idealizar com descrições precisas
sobre como te irei ser Universos. Por debaixo destes surtos de necessidade de
não me ser, guardo as recordações acesas da tua renitência em elevares-me
a alma.
Confesso com uma peculiar timidez
que cada pedaço que te edifica é em mim motivo para me trancar sobre a forma de
túmulo, até ter todo esse teu jeito de ser, fazer ou dizer – retratado e
memorizado detalhadamente, no meu recitar.
Destruo as convicções que
considerei características e adjectivas de mim para reconstruir uma identidade
mais saudável – por ter em mim, a capacidade de ser múltipla. Desenho-te e
escrevo-te na infinita areia que te rouba de mim. Resguardo-me na lista interminável
dos afazeres que construímos, a ideia de partilha transforma o meu ar doce numa
extrema necessidade de trocar esta pele de quem não peca, em camisas
amachucadas pela dimensão da imaginação, quando criativa. Não sei de ti – nem
dessas luzes que te iluminam esta espécie de anoitecer.
Retiro o véu que emergia sobre a
forma de pedido – mantendo o pedido. Invoco as minhas capacidades poéticas para
ser inspiração para o teu afirmar. Não preciso de me acrescentar e me superar,
sendo que essa renitência em me elevares a alma, se tornou numa bonita composição
que escreves, por me saberes dizer sobre a forma de amor.
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