miragens
Vi-te aproximar em tons do azul
que nos completava o dia; o do mar – o da imensidão da água e das realidades
que não são nossas mas que foram – por um bocadinho. Vi-te aproximar com um
brilho nos olhos dos tons do céu; dos tons do Sol quente. Arrastavas-te até
aqui; depois das estradas sem fim, depois da vontade com um fim ainda mais
distante. Quase que te imaginei flutuar - enquanto miragem, a oportunidade de
te tocar – não seres pensamentos; não seres passagens nas noites em que o
quente me destrói mais do que o facto não estares por cá. Acho que tive a
certeza – tive a certeza. Não existem
oceanos inalcançáveis, não existe distância suficiente – não existem noites
onde me deixo cair e me esqueço do que quero – como quero. Registei em mim,
como registo na escrita, que irias protagonizar o resto, o que vem, as coisas
bonitas escritas em paredes; as músicas que me elevam; as citações de quem já
teve um outro tu, na vida.
Renasci nas tuas mãos quando
companhia das minhas – renasci de cada vez que os olhares se cruzavam no
infinito da paisagem, lá do alto – lá de cima. Fui embalada no teu riso e
reaprendi o quão bom é sermos mais; querermos uma entrega bonita, devagar – para
que as coisas corram bem. O tempo passa mas sinto-me um pequenino relógio
parado – momentos certos. A capacidade
de esperar pelo que merece ser esperado.
Vou-te contando em segredo nesta
janela alta; vou-te contando em segredo nos sorrisos que espalho pelo ar. Percebendo
a beleza que é partilhar momentos; que é fazer planos; percebendo que não
estava enganada de cada vez que os meus olhos te procuravam, que o meu coração
parava um bocadinho e eu achava que o brilho da noite estava em ti. Os teus
olhos – é impossível não ansiar ver-te chegar a mim, ver-nos fazer coisas
bonitas, enquanto bonitas que somos. Vou esperando e contando-te em segredo aos
sítios em que nos vejo, cheias de coisas genuínas; vontades concretizadas –
planos assentes.
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