não há horizonte - esta noite.

Ergue-se o céu em forma de um labirinto presumível pela construção quase óbvia com o mar. Descubro-me no virar das esquinas que se cumprimentam, quebrando a tensão que imaginei previamente. Os caminhos cruzam-se ainda que em sentidos opostos, uma diversidade adivinhada de quem já percorreu os mesmos mapas inúmeras vezes.

Vou perdendo a capacidade de raciocínio geográfico quando assisto a uma falta do horizonte para me guiar – uma tentativa bem desempenhada entre a natureza que comanda. Um céu e um mar – ambos em tons de cinzentos, uma conspiração planeada para tornar esta confusão real; uma união entre possibilidades que se tornam fortes o suficiente para que os destinos se alterem e as estradas se percam. Entretanto – mudam-se os rumos.  

Subo as colinas – as da minha cidade eterna- e encontro-me no cansaço recompensado pela vista que se apresenta como boas-vindas para ti - aqui. Construções e reconstruções de amores e desamores. Fado pintado na poesia bordada nas paredes dessas vestes antigas. Dou o pouco que tenho – o tudo que tenho. Arquitecto prosas como forma de oferenda a estares a escassos quilómetros – esforços que reconheço a cada deitar, cada ponderar – até cada amanhecer.

Se pelo menos tivesse mais certezas do que a de um segredo eterno; se pelo menos tivesse a certeza de mais segredos eternos por descobrir, navegava a partir da cidade das mil e uma colinas, também eu era descobridora – também eu deixava riqueza no mundo – a dos valores; a do amar em silêncio, porque não são precisas palavras para cantar os que os olhos ditam. 

Lá me embrulho nesse mar que carregas no eterno medo - mais um naufrágio e mais uma lenda afinal - não há horizonte, esta noite. 

Comentários

Mensagens populares deste blogue

sobriedade.

Women's Strike (Again!)

ENG EqualiTea - Brazil Agaisnt Bozo (small cut)