ponderações
Existe este princípio associado
às decisões. Como se os projectos fossem sempre irreversíveis e houvesse uma
obrigação estipulada quando achamos que escolhemos o correcto para nós. Existe
este princípio associado às pessoas. Que devem ficar por serem-nos momentos,
como se houvesse uma obrigação estipulada quando faz sentido o colo de alguém,
ontem – só ontem. Confesso ser-me difícil mudar de pele conforme as estações e que
a última hibernação durou mais do que o que decidi como suficiente. Ando
adormecida; acho que é contínua a mudança de alma sempre que me invades a vida.
É compulsivo o gesto de deixar que fiques; que te arrastes. Enquanto cavo
buracos nos jardins dos meus projectos, são pirâmides que se constroem num
futuro nublado. Desencadearam-se vínculos enfermos à plenitude dos momentos a
sós. A pouca sabedoria que se carrega nos braços é usada para situações
desprevenidas de cuidados. Agora não sei se é da música que nos une no espaço idealizado
mentalmente se é da falta de bases para me fazer cair tecnicamente, correcta. Todas
estas figuras que componho são fruto de um desleixo visível no meu não saber
estar quando recebo notícias de soçobros antigos. Sei lá – acho que não me antevi
de palavras suficientes para descrever a sensação de calabouço assegurada a
esta ideia de podermos ser relances e nuances em ruas paralelas. Não sei sequer
se concordas que as matizes que se espalham nestes mesmos céus, são cúmplices de
um cuidadoso plano e talvez por isso combinem e tornem toda a paisagem, moldura.
Sei lá – acho que me enfraqueci com esta dosagem exagerada de ponderação. Por
ventura as tonalidades da vida mudam e estes panos de fundo, deixam de
condizer.
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