sistema chefe - a autodestruição
Não
sei até quando vou sentir esta necessidade de recuar. Efectivamente, o medo da
velocidade com que os dias me consomem está pregado a uma espécie de pele quase
descartável que tende a acompanhar-me. Repensar a ideia de crescer agora que
estou mais perto da possibilidade de ser grande, atemoriza-me. Esta necessidade
de corresponder ao exigido em vez de adaptar as situações ao meu conveniente papel
de fundo acaba por travar em mim uma batalha emocional concluída numa
catástrofe de incógnitas. Eventualmente seremos todos figurantes – máscaras obrigatórias
para o possível funcionamento no colectivo. Encenações fáceis de pessoas que
fingem ser felizes protagonizando papéis que tendem a ser autodestrutivos. Ou
seja, somos tudo menos – nós. Esta
conduta que a vida toma, destrói todas as bases singulares que nos definem como únicos. Muito provavelmente a chave mestre está na extrema insanidade – a possibilidade
de não corresponder a padrões. Só os
loucos sabem, o resto vai tentando descobrir. Concluo a cada repensar, que
não tenho vocação para ser um rosto mecanizado onde as expressões são compradas
pelo sistema chefe. Talvez as minhas mãos estejam gastas dos demasiados
protestos em que me envolvo com esta espécie de prosa fácil. Se calhar o meu
colo rejeita ser berço de vozes anónimas, através de ordenações extremas. Através de comportamentos exigidos por um tal de politicamente correcto. Só sei no meio de tamanho turbilhão que não
serei grande se a intenção não for ser Grande.
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