Vou-me perdendo nesse brilho que
me encandeia os motivos que me fazem ser peregrina das emoções. Entrego-te as
palavras como se de roupa se tratasse e sou constelações que te guiam a alma e
te relembram de que não existe nada nesta minha vida que não esteja descoberto
para que me possas ver; nua – tua. Sou-te os sons deste mundo que te vibram no
peito de cada vez que a respiração falha. Insólita e inexplicável oferenda dos
Deuses a quem descobre que nada é mais puro que o amor. Corto-me nestas vedações
que se têm vindo a construir em torno do amor incomum e no meio desta anemia poética,
relato-te a morte anunciada de um futuro que só não acontece por sermos ditados
errantes de pessoas perdidas nesta ideia de natural. Ainda assim – brilho-te no
céu. Ainda assim – remo contra a maré num esforço compensado pela certeza de
ser corajosa num Universo de fracas pessoas empenhadas em beber oceanos, em vez
de os navegar.
sobriedade.
Enquanto passas os relógios estagnam e os corações explodem. Vamos arrefecendo as mãos e preparando o corpo para as noites de Inverno. Na (in) lucidez do amor encontramos todos os paradoxos. Somos semelhantes e somos apostos. Somos valsas que não avançam. Uma inevitável contradição. Danço coisas que não se ouvem - concebendo as oposições e ambi guidades . Enquanto passas e os relógios estagnam, aqueço um chá. Acendo um cigarro. Preparo o peito para a invasão ó bvia. Somos liberdades sexuais - somos prisões românticas. Somos sem sermos; sem nunca termos sido. Tudo o que era platônico também era mentira. A indumentária revela a preguiça de ser mais; somos o que basta. Uma roupa básica e uma alma vazia. Tenho chá, livros e música bonita. Temos uma vida para que a valsa se dance; temos uma vida para aconchegar o peito contra fronhas brancas e lençóis que só cheiram a amor. No meio da confusão que é viver (me) existe a certeza de peitos cheios e relógios ...
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