vulto

Toda esta sensação de nublado que nos tem tornado os dias quase impenetráveis, tende a estender-se como uma carpete vermelha com rígidas restrições. Não faço ideia de quão denso é esse ar que respiras. Sei que a impossibilidade de ser meu companheiro em conjunto com toda a tua rebeldia, dificulta a minha capacidade de abstracção dos se nãos que nos pintam a pele. Confesso que me vou arrastando indelicadamente nessa decisão que tens como certa. Não sei até quando – não sei se fico sequer. Somos ilustrações de um Domingo à tarde e preenchimentos desses artistas da espera – eterna espera. Renuncio o meu cargo de ser Mais e Melhor; renuncio o cargo de para sempre se tiver que ter em conta todo este sufoco que me prende com cordas velhas, com nós narradores e um cheiro a mofo característico de quem está a mais. És-me marcas visíveis de projecções para um depois reflectido no mar com que erguíamos o suposto futuro imaginado. Deixo-te escapar nos braços, sem abraços - deixo-me fugir pressentindo uma tempestade neste barco onde íamos, lentamente, navegando. Nem me lembro a cor do teu cabelo agora que te divido com esse a mais, a memória ficou enterrada na areia com que me delinearam o caminho por te quererem arrancar de mim e descalça acabo o percurso da não vitória – com a certeza de que teríamos sido mundos se não fosse o vulto que me rasga a garganta e me faz querer vomitar incapacidades.

Comentários

Anónimo disse…
Olá Marta
O meu nome é Suzana Rodrigues e sou Psicóloga numa instituição para Deficientes. Vi hoje, no facebook de uma colega, um post seu sobre uma mãe com dois filhos com deficiência que a sua mãe conheceu num hospital. Gostaria de poder falar consigo sobre este assunto. O meu mail é: suzanarod@gmail.com.Obrigada.

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