DESCOBERTAS

Desenho-te um retracto de um futuro envelhecido. Permanece o sorriso com que me preenches os dias em que a chuva, o cinzento e as coisas menos boas me tentam destruir a certeza de ser sempre capaz. Desenho-te um retracto do nosso futuro envelhecido. Permanecem os sorrisos com que enfeitamos as ruas que sofrem do não-amor, o mal mais comum. Desenho-te: somos flores em cestas levadas e lavadas – somos a essência e a poesia declamadas nestas ruas onde me perco e te encontro; somos a música e a dança quando se encontram e constroem a imensidão da arte.Deixo-te restos de palavras e de pensamentos – constructos necessários para a transparência dos sentimentos (dificilmente) possíveis de descrever devido à sua infinidade. Encontro os teus restos nestes livros que leio, nestas músicas que oiço, nestes sonhos que te despem e na vastidão dos meus planos para o depois. Registei ainda todas as cores que nos envolveram romanticamente e nos tornaram um cosmos imenso que explode e traz o fim às não-vidas, transformando esta rotina na certeza de uma vontade de ser mais, querer mais – fazer mais.  

(Obrigada) pela permanência. Somos caminhos bonitos que se cruzaram e criaram uma possibilidade de atalho onde as paisagens são invictas – virgens no seu poder de embelezamento. Trago no peito a certeza de querer permanecer nestas tuas ruas que me relembram a cor do mar – a cor d’amar.