Identidades
(o teu sorriso veio trazer à minha vida uma imensidão de certezas - obrigada)
Metade
da vida somos isto – falsas identidades e momentos tão pouco genuínos. Circunstâncias
adaptadas ao conveniente nunca pelo nosso coração – mas a cabeça, mas o resto.
Vou aquecendo as palavras na fogueira que acedeste neste esconderijo onde
vivemos as oportunidades – ainda que raras – as nossas. Não vou ter um discurso
de eternidades sobreentendidas porque existe uma conotação romântica no por quê
desta escrita. Não vou ter um discurso ingénuo de palavras nuas de verdades,
aquecidas pela rapidez dos sentimentos e a fugaz certeza de futuros
preenchidos. Hoje – somos isto. Indescritível pela magia associada e impossível
de adjectivar pela falta de conceitos mestres de tão grande vastidão. Vamos
sendo – como conseguimos e nos é permitido.
Tenho
em mim esta dádiva que és tu. Delicada; apaixonada; simultaneamente tão forte;
tão cheia de vida – tão cheia de sorrisos e alegria. Tenho em mim esta
possibilidade: de te amar, de partilhar momentos de luta e os outros – os mais
fáceis. Ler-te nos olhos essa menina pequena que és e sentir na pele a Mulher
que o tempo te tornou – aqui o pronome possessivo daria lugar à necessidade de
descrição longa mas não quero que sejas minha
– quero que sejas comigo. Deixa-te
ficar. Deixo que fiques. Vamos acedendo fogos no peito e deixando que nos seja
aquecida a pele em noites de previsível tempestade na rua d’outros. Não sou construções
de músicas banalizadas pela falta de bases da realidade – não tenho a Lua; não
te ofereço o mundo. Mas tenho um colo, um cobertor – quero ouvir-te, quero
ver-te sorrir e tenho a vontade de me dar enquanto quente – este Inverno (e
todos os outros).
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