Cearas



Acho que me perdi em ti como num campo de ceara, dourado o suficiente para ser confundido com os teus cabelos em pleno Agosto. Nos movimentos desajeitados em que se abana o trigo – livre; despreocupado; como tu sempre tão dona de Ti, borboleta em ascensão. Inesperadamente dás lugar à minha incapacidade de ser escritora se não de mim. Tomando o lugar de todas estas espécies de revoltas interiores traduzidas em fracos sorrisos espontâneos. Tomando o lugar do lugar que não tinha nada além de infinitos questionáveis. 

Os vícios são forçosamente apagados pelas convulsões repentinas de te traduzir em frases já gastas – sem nunca fazer jus ao campo de batalha que ergo silenciosamente nos sítios onde se cria o amor . Vou-te transpondo em dialectos inventados por aqueles que não sabem descrever os acordares quentes. Não sei qual é a sensação de não ser só sensações – muito menos saberei dizer-te de quantas formas constróis os teus olhos. Sou cigana mas não da vida e em vez de sinas, vou sabendo as histórias que te preenchem pelos sorrisos que carregas no olhar – mesmo que mintas; mesmo que não mintas. Acho que me perdi em ti como num campo de ceara, confuso o suficiente para a saída ser demorada – mesmo que propositadamente. Cresces(me) como quem adultera a demorada forma de se crescer. Vou travado guerras com o meu interior na esperança de acabar com a tendência de não acreditar na possibilidade de te tornar protagonista da vitória. 

Não sei onde te escondes; mas são os teus passos que abafam o som do vento, esta noite.

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