quedas.
Antecipo
o espanto de quando entras numa das salas do peito; decoro os sons que carregas
no andar e prevejo a forma desastrada como te farás sentir. Sei-te – sabendo,
com imperfeições, com medos e fraquezas; como sabe quem ama – quem quer.
Concentro-me e foco-me no importante que vestes e os adereços – lembranças do
passado d’onde fugiste – não são se não memórias insignificantes para o erguer
d’Hoje. (Aproximo-me) - descrevo e dou
nome aos quase invisíveis sinais do teu nariz; passo a mão e faço o dedo descer
essa espécie de escorrega pequenino, carregado de marcas – marcas bonitas, de ti
– do que és. (Pestanejo) - permito o silêncio
do quarto se instalar na forma como os olhos se penetram e fazem amor; a
entrega d’ouro. Permito que a nossa respiração serena seja pianos que ocupam os
vazios das casas – vamos ocupando os vazios da vida.
Vou
costurando os bordados com que limpas as mágoas – uns pequenos, pequeninos –
como elas; como as mágoas. Vou costurando possibilidades de quedas e
convencendo-te de que também o chão é abrigo; mas que o Céu é para depois. Não
falo – nunca falo; olho-te e deixo que as cores da expressão do amor te digam
que não é dor – é cansaço. Enquanto tu – guerreira armada com escudos de
bem-querer – te perdes em batalhas de quem não percebe nada do que é seres –
finalmente – tu, eu espero-te num celeiro cor de ti. Uma iluminação óbvia de
quem sabe fazer poesia com os teus cabelos – eu sei; eu sei.
Podem
desmoronar os castelos e caírem as alianças de paz; podemos ser passagens
esquecidas ou previsões ingénuas – só; mas a bagagem que carregamos nesta
viagem d’olhar lembra-nos, ainda, que ninguém nunca saberá como este silêncio
que nos veste é a chave da liberdade – a primeira-vez da nudez do . Os
dias são longos, os julgamentos injustos e eu saberei sempre descrever como te constróis
de expressões sempre que a vida te surpreende. Não faz mal – seres tu. Não faz
mal – teres medo de ti.
(Olho para trás)
-
Como sabias que estava aqui?
-
Tens o som do amor e eu - o dom de quem (te) ama.

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