sigur rós mood.




                                  


O nevoeiro esfumaçava-se no horizonte pouco lúcido, como os cigarros que se fumavam passivamente – como quem não fuma e só inala a alma d’outros. O fim de tarde arrefecia como se arrefece a sanidade na vida destes loucos. Era o peso da postura contracenando com a cara pálida de menina. Menina de mares revoltados e paisagens apagadas – guardadas como rascunho de sonhadores. Metáforas e hipérboles a pintar vestidos de rendas. Era tudo – era nada.

Por detrás das pegadas óbvias de quem faz estragos no chão, vinham as consequências – pequenas lagartas que voavam; depois – quando cresciam. Primaveras com saias brancas e flores no cabelo. Histórias de amor – histórias de quem quer desesperadamente amar. Entregas fáceis e outras que não – cuidadas.

O nevoeiro esfumaçava-se no horizonte pouco lúcido, como os cigarros que se fumam compulsivamente – não só como quem inala a alma d’outros mas também de quem respira a própria alma. E estes restos de mim, de ti – de todos, rastejam numa lama que queima como fogo. Somos restos de Universos estilhaçados no chão de quartos mais bonitos que a fraca paisagem destas imensas janelas.

Febres como paixões; paixões como fome de mais. Camas inundadas nestes transpirares confusos – nestas inundações poéticas de quem sofre arte em silêncio. Hipóteses rasgadas e sonhos restaurados, reutilizados pelo artistas que não os de rua. Outros. Sem nome. Sede; somos sede insaciável neste barco com rumo definido. Vitórias passageiras e indisposições pelo balançar das ondas. Cabelos ao vento; relentos inaugurados nos seios de quem lá transporta mel – não fel. Não fel. Vida – passagem restrita a quem não dança em frente ao espelho a sorrir pela dádiva que é ser passagem num livro (quase) perfeito, que cheira a jasmim – ou pelo menos devia.   

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