Did you forget to take your meds?
Não me lembro da última
vez em que as sandálias te deixaram a circulação tão presa ao ponto de nem
conseguires andar. Nessas florestas de fogos constantes e icebergs a
contradizer, só me lembro dos pés magoados e da forma como te arrastavas à
procura de água. À procura de ti. Não foi aqui que o abismo tropeçou em nós? –
Não foi aqui que também nós tropeçámos nele?
Não me lembro da última vez em que os teus colares eram tão pesados que te prenderam a cabeça ao chão e
a imaginação estagnou. O coração parou. As mãos ficaram imóveis e a tua boca
seca – de beijos. Nessas cidades cheias de pessoas de fogos constantes e icebergs
a contradizer, só me lembro de não ouvir palavras bonitas e da forma como
olhavas para o céu a pedir ajuda. A chamares por ti. Não foi aqui que a vida
tropeçou em nós? – Não foi aqui que também nós tropeçámos nela?
Não me lembro da última vez que te vi – tudo o que me recordo são momentos amargos que me deixam o
Não me lembro de algum
dia ter descoberto o que era amar até rescrever possibilidades e reaprender
conceitos. Agora tenho duas memórias constantes de Pessoas e Sorrisos – de Gente.
Gostava que visses como tudo é bonito neste mundo à parte – aparte infelicidades.
Que apreciasses a reconstrução radical da entrega. O cheiro a túlipas e a sumos
naturais – à vez. De cada vez. Por sua vez. Os meus vestidos continuam a
arrastar o chão e a sujar-me a destreza peculiar. Elas não têm vestidos – não os
usam. Não arrastam caudas no chão nem sujam destrezas peculiares. Não precisam
de indumentárias nem adereços como esses que te sufocavam as palavras e te
prendiam para lá da vida. Têm coisas bonitas – registadas em mim – registadas
no tempo. Não me lembro de como pestanejavas por amor mas lembro-me de como não
corrias cada vez que as ondas nos iam afogar o peito.

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