Did you forget to take your meds?




Não me lembro da última vez em que as sandálias te deixaram a circulação tão presa ao ponto de nem conseguires andar. Nessas florestas de fogos constantes e icebergs a contradizer, só me lembro dos pés magoados e da forma como te arrastavas à procura de água. À procura de ti. Não foi aqui que o abismo tropeçou em nós? – Não foi aqui que também nós tropeçámos nele?

Não me lembro da última vez em que os teus colares eram tão pesados que te prenderam a cabeça ao chão e a imaginação estagnou. O coração parou. As mãos ficaram imóveis e a tua boca seca – de beijos. Nessas cidades cheias de pessoas de fogos constantes e icebergs a contradizer, só me lembro de não ouvir palavras bonitas e da forma como olhavas para o céu a pedir ajuda. A chamares por ti. Não foi aqui que a vida tropeçou em nós? – Não foi aqui que também nós tropeçámos nela?

Não me lembro da última vez que te vi – tudo o que me recordo são momentos amargos que me deixam o 
estômago arrepiado e com uma vontade inata de quem te deseja – fugir. Os espaços e os passos (teus) que não segui foram os melhores atalhos que me ofereceste depois de tantos Natais. Não sei se recebes-te postais das cidades de Pessoas – mil – mas enquanto te sabia o cheiro e te lia os olhos, escrevi-te histórias d’amor. Tentativas falhadas de saberes apreciar o que é bom na vista da janela dos últimos andares de todos os prédios.

Não me lembro de algum dia ter descoberto o que era amar até rescrever possibilidades e reaprender conceitos. Agora tenho duas memórias constantes de Pessoas e Sorrisos – de Gente. Gostava que visses como tudo é bonito neste mundo à parte – aparte infelicidades. Que apreciasses a reconstrução radical da entrega. O cheiro a túlipas e a sumos naturais – à vez. De cada vez. Por sua vez. Os meus vestidos continuam a arrastar o chão e a sujar-me a destreza peculiar. Elas não têm vestidos – não os usam. Não arrastam caudas no chão nem sujam destrezas peculiares. Não precisam de indumentárias nem adereços como esses que te sufocavam as palavras e te prendiam para lá da vida. Têm coisas bonitas – registadas em mim – registadas no tempo. Não me lembro de como pestanejavas por amor mas lembro-me de como não corrias cada vez que as ondas nos iam afogar o peito. 

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