Indian Summer
Não me lembro onde deixei as certezas. No chão – de arrasto – vejo marcas
de guerra e outras de paz. Contracenam. Contracena. Contra tudo. Contra todos.
Leio-te o alfabeto, como base para as palavras que precisam de construções – as
que se seguem a essas pausas inevitáveis – já te sei. Nada do que escrevo num
céu longe, é novidade na tua prévia árvore de Natal. Carnal. Banal. Ponto de
partida e pontos que se unem para as não partidas. As caixas por abrir
permanecem nos festejos alheios; nesses festivais de quem é capaz de permanecer
na primeira fila. Fome. Sede. Sedes emocionais – biliões de constelações que
ditam caminhos. O meu interior é um átrio e o meu exterior revela-te a
necessidade de pausas bonitas; reconhecimentos de quem é anónimo a outros olhos
alheios. Não aos teus; que me vestes e descreves com uma capacidade e eficácia
de quem devia querer ficar. De quem o sabe – conjugações errantes de verbos
inevitavelmente mal empregues. Não sei de ti – mas vou reparando nas marcas que
me pintam o chão. Aquiro uma capacidade fácil de saber não ficar; nem ir – mais
longe. Tão longe. Tanto tempo. Tão (pouco) tempo.
(pausa)
Um abraço, um beijo e três queijos – dos bons; dos caros. Lembranças em tom
de riso e atalhos fáceis sem saída. Um beco. Dois becos. Quantos mais? As
varandas que me cosem os pequenos-almoços não são suficientemente brilhantes?
Fascinantes? Ou ofuscam a possibilidade e as possibilidades de tão correctas e
óbvias que te são? Um abraço, um beijo e três queijos – dos bons; dos caros.
Sentimentos. Lados físicos. E sabores. Porque a comida fica sempre bem como
desejo final. Prato final – principal. Sobremesas sobre mesas que já não te
imaginam. Não sei de ti – mas vou reparando nas marcas que me pintam o chão.

Comentários