O que acaba.



As salas do cinema esvaziam-se e os teatros correm as cortinas negras como a noite. Como a nossa noite. Os concertos terminam e as bandas recolhem - infelizes; esgotadas - aparências fáceis de vidas míseras. As danças não se dançam noutra dimensão - os pés só sofrem. Os peitos só se recolhem. Só se revoltam.   

Protagonizamos a terceira guerra mundial num mundo em que nunca houve uma primeira; uma segunda - espaços de passos vazios. Ecos - histórias que se imaginam concretizáveis. Um. Dois. Três. Quatro. Jogamos às escondidas num quarto escuro - sem esse ser possibilidade. Espalhas-me a maquilhagem no chão em protesto pelas faces - fases. Espalho-te os fatos no chão como factos - como óbvio - em protesto pelas oportunidades de silêncios. Ecos - histórias que se imaginam concretizáveis. 

Descalço-me das responsabilidades e calço uma dessas coisas fáceis. Nuvens. Céus. Constelações - nações. Damos a mão em tom de despedida, suavemente, delicadamente e com o jeito inquieto e infantil como se não fosse óbvio os danos neste planeta da nossa separação. Notas, sequer? Que o Universo nos (des)une - como quem arranca um bebé do colo da mãe? Aqui ninguém chora - aqui ninguém implora permanências. Acho que o tempo é escasso - só o amor não o é - mas não chega. Nunca chega. Não tem que chegar. 

Vai. Ecos. Vai - vai! Sem que sequer notes a minha falta de ti - sem que sequer notes até que a falta de mim seja torno em reinos que nunca premeditas-te. No fundo, a culpa não é tua - a culpa nunca é senão do destino. Senão da arquitetura reles como as harmonizações são criadas. Provocações inatas - intactas - de quem o aprendeu uma vida inteira mas não uma vida toda.  

Esta pressa de chegar aos sítios que não são lugares - de abraçar pessoas que não são Humanas. Esta pressa de saber músicas que ditam amores sem os saber amar e de ler livros de vitórias sem sermos Guerras - hipocrisia. Mas a culpa não é tua - a culpa nunca é senão do universo. Senão da forma delicada como nos pegam ao colo e não nos ensinam a sermos Grandes. Grandes Guerras.  

 Notas, sequer? Que o Universo nos (des)une - como quem arranca um bebé do colo da mãe? Aqui ninguém chora - aqui ninguém implora permanências. Acho que o tempo é escasso - só o amor não o é - mas não chega. Nunca chega. Não tem que chegar. 

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