Dance forever my only one -
Quando as noites não acabam, existe uma eternidade explicita nos olhos quase adormecidos. Acho que é óbvio na minha postura que me inquieto com a inconformidade dos passos impresumíveis. Desenhando labirintos com cores cegas a quem vê - a quem me vê. Cantando músicas decifráveis em lábios claros finjo-me Senhora d'outro mundo. Só me sei no meu - só me danço em espelhos privados nos quartos de Hotel d'ninguém. Danço para sempre - sou a (minha única) - oportunidade. Corro das oportunidades de clareza, sinto-me madura como se de fruta falasse. Pomares repletos de maçãs que esperam mãos cheias de rugas d'Vida. Que caiem - numa solidão oportuna por serem independentes de não sábios - e da Terra se construíssem. Como me construo - como amadureço. Da Terra.
O pó que me finge cegar são restos de inteligência disfarçada de uma ignorância que não se interpreta. Já não sei se é de facto minha - máscaras necessárias para os palcos da vida d'Pessoas vazias. As que não o são - fingem-se. É aqui que me esvazio - é aqui que o pomar com o meu nome em árvores cansadas, penetra nas raízes e se transforma em chão desnivelado. Tropeçamos nas decisões responsáveis e nas consequências românticas de sermos feitos de sentimentos. Ratoeiras - disfarces.
Dou a mão quando a noite não acaba e largo-a quando o Sol ilumina a impossibilidade de correlação. O pomar está seco - e as maçãs podres no chão, são restos dos textos que escrevi antes da certeza de uma vida a sós. Danço para sempre - sou a (minha única) - oportunidade. Doce e amarga, aprendo a fingir-me numa ignorância poética, descalça e nua de contrabando de Corações. (Des)largo-me dos (a)braços do fruto proibido - só eu, já carrego veneno suficiente para ser a maçã, o paraíso - Eva e Adão. Só eu, já carrego o peso de ser Vida numa vida egoísta de vontades.
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