Umbigos de não Pessoas
De forma brusca como a que me retirou o sono - os sonos - faço um levantamento de posições relevantes para a paz de espirito. Nunca acreditei nesses falsos presságios muito menos fiz planos de famílias amigas que vão juntas de férias de Verão para uma quinta clichê para os lados do Algarve. Raramente associei uma face amiga a sentimentos de vidas eternas. Amizades eternas. Os caminhos dispersam-se e o chão que é areia movediça, faz-nos cair. Cair. Cair. Infinitas vezes. Tantas quantas as que não posso escrever.
Nunca acreditei nos dizeres e sempre me guiei pela minha mãe: Olha filha, a tua melhor amiga pode vir a ter outra melhor amiga. - isto prevenia desastres de confissões em momentos de necessidade resultando estas em livros abertos de uma vida privada.
Dei uma hipótese. Talvez tenha dado duas ou três. Quando corria mal interiorizava que fazia parte do crescimento. Como se crescer fosse isto. Como se crescer fosse ser-se esmurrada emocionalmente contra paredes - onde somos obrigadas a descrever sentimentos em forma de conflitos. Campos de batalha - de quem crê. É a puta da fé, não é? - A puta da fé!
Acho que era mais fácil acordar numa Segunda-Feira de trovoada, ser assaltada, despedida e molhada por um carro à berma da estrada - do que acordar das impossibilidades que descrevíamos como sendo tecto. Como sendo abraço.
Marta, és ridícula. - interiorizo. Os umbigos engolem as vidas das pessoas que perderam a vida p'lo umbigo. As pessoas engolem a tua vida quando perdem a vida d'gente. Os provérbios e todos os ditados populares não se basearam num desastre literário para hoje saberes citar que é quando se está longe que se vê os amigos. Houve experiência. Houve razão. Houveram - sobretudo, paredes que se tornaram cubículos e cubículos que tornaram tormentos. Bofetadas - diria a minha mãe - bofetadas emocionais.
Nessas vidas tristes de objectivo: não os ter - recordo os amanheceres em que precisava de um quarto cheio ou uma mensagem simpática. Coisas simples. De pessoas que amam. Marta, és ridícula. - interiorizo. É a puta da fé, não é? - A puta da fé! O que me valia eram os espelhos do quarto. A imagem de mim - guerreira. A imagem de uma pessoa que se tornou Pessoa quando era mulher e quis ser Mulher.
De forma brusca como a que me retirou o sono - os sonos - faço um levantamento de posições relevantes para a paz de espirito. E com o maior sorriso de vitória, deixo o tempo ser Deus - aguardando que os umbigos se recolham para o ventre - sendo essa a casa da não maturidade.
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