running up (that) hill
Como qualquer canção de embalar, adormeço pelo consumo excessivo desse anonimato. Não sou eu nem sequer é de mim. Procuro pedacinhos pequenos de Pessoas que não sei. Não me reconheço nas acções e dou por mim a esperar mais. Do mundo. Do mundo que não conheço. Não nos podemos despedir sem haverem bons dias ou pelo menos um pôr de Sol.
É como se me reconstruísse para que me construas. Não sabes nada de mim - não sei nada de mim. Acho que é isto que é bonito - fazer-te dançar ao som das canções mais confortáveis que piso. Sei que não pareço eu nas pegadas que te deixo. No que não sei dizer. Parece uma corda em torno do pescoço não saber usar palavras - não saber dar-te as palavras correctas. É isto? A nossa identidade é feita de tropeços tão minúsculos?
Se ao menos fosse boa a pintar - pintava-te a minha mente. Desenhava-te luzes bonitas em ruas vazias. Pareço uma criança de novo, sem nada para dar além de frases inacabadas.
Quando a sala estiver cheia e o espetáculo começar - mesmo sem bons dias nem nenhum pôr de Sol, vou-me lembrar deste devaneio. De mim - pequena e infantil - aos tropeços na neve dos Invernos que nos vestem. És abstracta - com uns óculos de Sol, sem Sol - sem nada. O que é que se está a passar? Nunca disse adeus ao ir embora sem sequer ter havido um chegar.
A minha alma ainda me diz que toda essa postura não é se não uma arma bonita para esconder aquilo que és de enorme. Ela nunca se engana - só as minhas palavras me enganam. Só as minhas não palavras - me enganam.
Vão existir luzes que te dizem pela noite, que o destino nos atraiçoou e que eu era - só porque tinha que ser. Não existe outra opção além da ironia da vida - além da minha alma te saber ver e se aproximar - como nunca se aproximou sem um rosto mais detalhado. Sem um cheiro concreto. Não somos restos de nada e a dureza do teu discurso só me faz querer ficar. Estou a decidir se é perto - ou longe, da cidade que já te era vida.
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