« Quando mentir for preciso, poder falar a verdade. »
Temos sempre as nossas horas. Os momentos certos. Quando se põe os guardanapos na mesa e se ajeita os talheres. Uma refeição sobre a mesa, sobremesas. Somos momentos. Verdades. Construímos um mundo feito à nossa medida. Ninguém se lembra do tamanho d'outrxs. Do espaço que a gente ocupa no meio d'Gente. Ligamos o rádio enquanto se espera companhia. Desligamos o rádio quando a companhia não chega. Vestimos o pior pijama e calçamos os chinelos mais velhos das arrecadações dos avós. Uma cama - uma vida. Duas vidas. Mil - vindas. Mil e uma idas. Especulações - previsões. Somos criados pela tentativa erro e só o sabemos repetir. Para sempre - para sempres. Ingenuidades.
A natureza encarrega-se de nos pegar ao colo. De nos transportar delicadamente. Somos parte do Mundo. O Mundo não é parte de nós.
A tua delicadeza vestiu o Diabo - e não és Prada. A tua delicadeza vestiu os vestidos que não uso e tentou fazer de memórias, uma guerra mundial. Só sei que te vejo de uma janela no último andar do arranha-céus. No último andar do Céu. Andas e sobrevives. Os sentidos não fazem sentido e os rumos são acasos. Vou observando como quem observa a vida que passa. Uma corda bamba - o jogo do azar. A tua sina. Não sei o que fazes nos momentos em que barro manteiga nas torradas de manhã, não sei o fazes nos momentos em que sou Mulher, Amiga, Namorada e Vida de terceiros. Não preciso de te saber. Vou te sabendo.
A beleza pura dos teus momentos genuínos consegue fazer-me acreditar numa vida cheia. Longe ou perto. Ninguém sabe o melhor. Ninguém te sabe, melhor. Sei que as minhas palavras são básicas, passageiras e ultrapassáveis. Sei que não te sou sangue, ainda bem. Afasto-me das juras e promessas de eternidades - afasto-me do conceito base do que é amar. Sei que te amo - na forma simples como te quero ajudar a crescer. A partilha. Somos partilhas. Não somos.
Temos sempre as nossas horas. Os momentos certos. Quando se põe os guardanapos na mesa e se ajeita os talheres. Uma refeição sobre a mesa, sobremesas. Somos momentos. Verdades. Construímos um mundo feito à nossa medida. Ninguém se lembra do tamanho d'outrxs. Do espaço que a gente ocupa no meio d'Gente. Ligamos o rádio enquanto se espera companhia. Desligamos o rádio quando a companhia chega e queremos ouvir as histórias que vestem as delicadezas de quem se arrasta.
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