26.01.15
Não me lembro de ter decidido deixar de ser parte da paisagem. Não me lembro ter decidido abandonar o que fazia com que o ar fosse puro. Só me lembro de desistir sempre. Cansar-me sempre. Como se não existissem outras opções, muito menos segundas oportunidades. Só segundos sítios. Sei que me criei com base em coisas bonitas que ninguém sabe. Que ninguém vê. Da mesma forma como ninguém me vê. Questionei a necessidade de um regresso. Não necessariamente ao mesmo lugar mas ao mesmo de mim. Ao mesmo eu que era mágico. Quando é que me esqueci do cheiro a paz? Do som dos nadas? Já não sei como me dou. Se me dou. Vou abraçando espaços vazios enquanto nenhum se preenche. Me preenche. Acabo por entender quão importante é afastar-me da zona de conforto. As pessoas são cegas. Olham-me e não entendem. Nunca entendem quem não é sem ser, quem já foi várias vidas. A monotonia da vida de cada um não permite que os horizontes mudem de forma. As praias só são praias quando as montanhas só forem vazias. No fundo, nunca me considerei errada. Errante. No fundo só sinto que nada vai ser suficientemente grande para me fazer esquecer a bonita pequenez dos detalhes.
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