Quando as partículas se dispersam e não nos resta nada além dos escassos átomos anestesiados, o ar escapa. Arrasto-me ou levito. Anestesiada. A poesia alimenta a pouca vida que me resta. Os pensamentos são confusos e os conceitos dispersam. Questiono. Questiono-me. A existência parece abstracta e o amor uma desculpa fácil.
Nem o cheiro dos livros. Nem as memórias. Não existe escape para a necessidade de um milagre. Uma salvação. Como se pode correr quando as pernas estão feridas e o espírito só dorme? Como se pode voar com as asas presas e um espírito que só sonha? Nem um copo de vinho. Nem um corpo de vinte.
Uma partilha genuína e uma sede de vontade. Somos restos e rastos que nunca vão ser imprescindíveis. Vamos sendo anónimos na ilusão de sermos estrelas - que não estão em ascensão. Só são. Vão sendo. Vamos sendo Universos paralelos no mesmo Universo de toda esta gente. Não somos a razão do Mundo - só temos em nós, a razão que nos veste. Nos despe.
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