No Céu que é meu

Na multiplicidade de se ser múltipla, as mãos não chegam para contar amores. Desamores. Outros amores. Amores. As cores das auras e das almas. As vozes que entoam nas diferentes florestas que construímos no nosso interior. No nosso íntimo. Somos privacidades invadidas e arrancadas de forma brusca. E depois de todo o anonimato - os cartazes, as luzes, o activismo e o reconhecimento. Imponho-me. Recomponho-me. Ajeito a saia e retoco o vermelho dos lábios. Preparada para a guerra de amar - desamar. Armada. Desarmada. Soldada de uma paisagem invicta. Dona da minha vida. Quase dona da minha vida.  

Não existe coerência nos padrões e sei bem, ai - se sei - sei tão bem que a roupa não combina. Que a cara de criança não demonstra a força e que o corpo de Mulher não chega para me provar. Provar. Autenticar a minha autenticidade. Chegar. Não chego - quando chego? Todas as decisões merecem opiniões alheias. Veias, que rebentam no clímax da vida. Clímax que não chega quando eu não chego para a vida.  

De cabeça no Céu e no Céu que é meu - ofereço o que sou. Com o quente do Sol e o só de se ser Ser. Caminhando descalça, piso tudo o que não me permite correr. Quando já não dói. Mói. Quando já é hábito e não choro por chorar, chego. Vou chegando. As opiniões são alheias e mais alheias são para a minha vontade. Verdade. Peças que não encaixam na casa de outres. Mas que na minha casa, são telhado e tijolos. Sou lareira e banheira, cheia. O agora. Os agoras. O que me enche e preenche. Com a saia desajeitada e o vermelho dos lábios, borrado. 

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