Lutos – temos tantos, (de)amor(es)
I'm strung out like words
An open book for you to read
I lay down my shields
To reveal the truth of me
Quero
chorar, mas não consigo. A medicação não deixa. A desilusão não deixa. A mágoa
não deixa. Ai, mas como eu queria chorar. Chorar é libertar, é largar,
desapegar – deixar ir. Dentro de mim, já deixei ir, mas falta-me chorar. Não é
este um ritual do luto? Da perda? Onde é que foram as minhas lágrimas? É que eu
não as encontro.
Consigo
conformar-me com as missões que o Universo me dá; consigo compreender que cada
pessoa tem uma função na nossa vida e muitas vezes, essa função, torna a pessoa
passageira. Fica a aprendizagem, o conhecimento e a experiência – e as
lágrimas? Não consigo chorar. Como é que eu vou seguir em frente se não
precisar do The Notebook, vinho e uma caixa de lenços?
Se
a culpa fosse minha era tão melhor; era tão mais fácil; era tão mais merecido –
assim não é. Agora – não quero outros amores; quero os que tenho – que me
bastam. Quero viver assim, com a certeza de que na minha vida está presente quem me
respeita na plenitude do respeito e não nos seus pedaços; que me é verdade e nunca meias mentiras. Vivendo o presente na eterna
procura de lágrimas; de choro.
Não
existe tinto, Pessoa ou Espanca que apague o que trago no peito e não existe sopa que aqueça o
frio que carrego no ventre. Menos. Sinto-me menos – para me conseguir sentir
mais. Os projectos acabaram – aqueles, uns – começam outros, novos.
Confesso
que esta montanha-russa me está a deixar enjoada; confesso que o carrossel de
sentimentos deixou de ser a minha paisagem favorita: passagem favorita. Agora
só me resto eu – só me resto dar de mim, a mim. Desenjoar. Reaprender. Aceitar.
Perdoar. Mas – e chorar? Não consigo. As drogas que me fazem viver, também me
fazem morrer – sem lutos. Apática. Esta medicação está a tornar a minha casa
mais bonita e o meu corpo um desapego. Sinto-me invencível. Poderosa. Bonita.
Viva. Sinto-me – menos; sinto menos.
Nunca
estou bem com o que tenho, pois não? Estou – se as pessoas forem boas e
trouxerem o coração cheio; se a verdade for a refeição que recriamos em nós com
tanto desejo; se a força fosse contínua e não se desistisse do amor, como nas novelas, como na utopia de quem escreve como eu.
Eu
desisti do amor.
Não
desisti, definitivamente, do meu próprio amor.
Esse carrego-o comigo até ao fim de vinte e seis Primaveras.
ps: Quando acabei de escrever, fui procurar uma imagem para o post e nem consegui, desmanchei-me a chorar. Ainda não parei. Estarei livre?
ps: Quando acabei de escrever, fui procurar uma imagem para o post e nem consegui, desmanchei-me a chorar. Ainda não parei. Estarei livre?
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