Inteira e eterna.
Já
devia saber que estes mundos não se escrevem nas máquinas antigas. Que estes
mundos não são para sempre; que os nossos mundos paralelos acabam a chocar.
Big. Bang.
Curiosa
a vontade de construir pontes entre todos os castelos, mesmo que o lado de lá tenha
dragões; nunca princesas, nunca surpresas – mas e as pontes? Oh! De flores. De
amores. Da explosão poética da liberdade.
Recusei-me
a esta vida, transformei-a em minha; com todas as lutas e guerras necessárias,
ergui telhados onde se protege a imensidão de cada Ser. A sua versatilidade. Vulnerabilidade.
Telhados que escondem fogueiras por baixo, onde há contos, vinho e cheiro a
terra molhada. Telhados que nos protegem do que nos querem; do que nos mandam;
do que não queremos ser.
Sento-me
numa cadeira, abro o meu livro favorito e finjo que as oportunidades são todas
iguais. Ignoro, inocentemente, a luz que me guia; encandeia. Não escrevo
histórias nas máquinas antigas, nem sou dona deste mundo; ou de outro. Vou
sendo dona de mim, cuidando, amando – exigindo a arte da expressão – exigindo o
espaço imenso que tenho no peito. Recusei-me a esta vida, recuso-me a ser isto –
estática e mitológica. Quero o resto – foguetes no verão, castanhas no outono,
saltar em poças no Inverno e vozes altas na Primavera – nas Primaveras de todos
os mundos.
Terminam-se
capítulos sem sequer os começarmos?
A
energia da vida encarrega-se de nos colocar nas posições menos confortáveis, com
alguma dificuldade lá fumo um cigarro, olho pela janela, sinto o vento que me
atropela as pestanas e tomo decisões. Decido murros no estômago e muros que não me são
casa.
Parti
a máquina de escrever, daquelas antigas, parti as palavras em pedacinhos e
soprei. No ar? Segredos rasgados, irreconhecíveis. O título? Sou sempre
inteira, eterna. Na cabeceira ficam as vírgulas que se destruíram no ar - no
chão, o que decidimos não pisar.
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